Esse não é um texto de receitas com Butiá. Mas, se você se interessou por esse post, tenho certeza que é fã dessa fruta e muito possivelmente já degustou uma cachacinha com Butiá. Comenta aqui se eu acertei!
O Butiá é o fruto de uma palmeira linda, que temos em abundância aqui na região. Mas, o que talvez seja novidade pra você é que existem mais de 20 espécies só aqui no Brasil. Como somos de Imbituba – SC (cidade capital da Baleia-franca, cidade do Surf, dos ventos propícios ao windsurf e cidade rica em palmeiras de Butiá) vamos falar nesse post sobre a espécie que mais conhecemos e usamos para fazer cerveja, o “Butiá catarinensis”.
Imbituba, essa terra maravilhosa onde nasceu a Cervejaria Imbé, teve uma colonização Açoriana. Terra de engenhos, de pesca, de porto e de muita riqueza cultural, aqui, além da planta “Imbé” que deu o nome a cidade, temos também uma área de proteção de butiazais. O Butiá Catarinensis está ameaçado de estinção no estado de Santa Catarina e mesmo que o transplante da espécie seja autorizado em algumas situações, grande parte das palmeiras transplantadas morrem, devido a falta de acompanhamento da espécie pelo profissional que fez a migração da planta; esse acompanhamento deve acontecer pelos próximos 4 anos, visto que a palmeira leva tempo para enraizar e se adaptar as novas condições ambientais. Com isso, só se agrava e reduz a sobrevivência da palmeira que gera esse fruto tão rico, tão nutritivo e tão histórico.
Quer seja na natureza, quer seja no seu quintal, a palmeira do Butiá pode levar 10 anos para dar seu primeiro cacho. Esse tempo não é uma regra, mas em média dissemos que o butiazeiro leva 8 anos para dar frutos, se encontrar na natureza as condições apropriadas. E falando em fruto, as inúmeras espécies de Butiás existentes aqui no Brasil dão frutos de cores bem variadas: brancas, laranjas, roxas, amarelas e até verdes. E a doçura e acidez da fruta tem uma relação direta com a espécie, com o sol, com a umidade e com a época do ano da colheita.
Aqui em Imbituba começamos a ver os primeiros cachos no mês de dezembro, mas é no auge do verão “no calor” que a colheita acontece. E lá por abril encerramos a safra que a natureza, de forma voluntária e generosa, nos oferece. Isso porque, o butiá está na natureza à nossa disposição, e diferente de uma orquidea ou de uma costela-de-adão ele exige pouco cuidado, é uma planta que só precisa ter seu ecosistema respeitado para sobreviver.
As abelhas tem um papel fundamental para que possamos colher o butiá. Sem abelhas, não há polinização, sem polinização não há frutos. Por isso, é tão importante respeitar, preservar e entender como a vida funciona e como o fruto acontece.
A ideia de fazer Cerveja com Butiá vem de uma inspiração familiar. Nossa memória afetiva de colher a fruta no pé, de ver o pai fazer licor, de tomar o suco da fruta fresquinho preparado pela vó, é um mergulho no tempo, e reviver essas memórias resulta em não permitir que nossa identidade cultural desapareça.
Colocar o butiá na cerveja, essa bebida que é tão apreciada nos 4 cantos do planeta, é proporcionar que mais pessoas conheçam o butiá e desfrutem dessa experiência sensorial tão exclusiva e tão encatadora.
1 Comentário
muito bom,vamos preservar e cobrar mais leis que protejam nosso butia.